"Nunca fui bom a matemática | A minha memória nunca foi boa | Sou péssima a desenhar”
Quem nunca disse, ou pensou, algo absoluto e negativo acerca de si?
Esta sensação de incapacidade é
alicerçada na experiência que, inevitavelmente, tem muito de subjetivo e nem
sempre é congruente com a realidade, o que pode significar que pode esconder um
mundo imenso de competências.
A capacidade real do cérebro
humano é imensurável sobretudo devido a um mecanismo de que se vai ouvindo
falar com maior frequência, mas com um significado por vezes pouco claro: a
neuroplasticidade.
Neuroplasticidade é no fundo o
termo que descreve a capacidade do cérebro para mudar e se reorganizar com a
experiência, otimizando a sua função. É o que permite que todas as competências
cognitivas, emocionais ou relacionais sejam passíveis de evolução mediante a
intervenção adequada.
No entanto, a
neuroplasticidade só é possível mediante a fisiologia própria da unidade
estrutural do Sistema Nervoso: o neurónio.
Uma das
particularidades do neurónio consiste na sua capacidade de se desenvolver com a
estimulação. Diz a sabedoria popular que o conhecimento não ocupa lugar, mas a
verdade é que ocupa! Cada nova aprendizagem é capaz de criar novas ligações
entre neurónios, devido a um maior crescimento dendrítico (i.e. as dendrites
são uma parte do neurónio semelhante a uma raíz capaz de desenvolver novas
ramificações) e ao aumento do número de sinapses (quando dois neurónios
comunicam entre si).
E quanto mais
integrado for o conhecimento, relacionando áreas e funções distintas no
cérebro, como a linguagem, o movimento, a capacidade de abstração ou a memória,
maior a integração das redes neuronais em ligações mais complexas.
O treino, aliado
à motivação e ao prazer, tem um impacto transformador no cérebro humano,
sobretudo porque este tende a especializar-se com a experiência. Um leitor
tenderá a melhorar o vocabulário e a imaginação, um matemático a aumentar a
velocidade de processamento do cálculo ou do raciocínio abstrato, um arquiteto
a visualizar imagens tridimensionais e a relação entre os planos, ou um taxista
a memorizar e repensar trajetos alternativos nas artérias de uma cidade.
Só existe estagnação no vazio
na medida em que na ausência de estímulo a competência fica frágil e diminuirá
gradualmente até à perda.
Num cérebro saudável, a
utilização de uma competência não só a impedirá de regredir como, quase
inevitavelmente, nos tornará mais competentes na sua execução.
Assim, se a perda se pode
tornar inevitável, também pode a evolução. Em última análise resta decidir onde
queremos apostar, onde escolhemos ser proficientes e do que vamos desinvestir.
De forma mais ou menos consciente há sempre uma decisão, até porque o cérebro
não consegue especializar-se em tudo simultaneamente, a literatura sobre os
“génios” fala-nos disso.
Concluindo, se a experiência altera os circuitos cerebrais será possível afirmar que ao terminar de ler este artigo o seu cérebro já não será o mesmo?

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