Tenho medo de me expor...
Somos seres pensantes, emocionais e, por isso, relacionais! Durante a infância e adolescência vivemos experiências únicas, estimulantes e desafiantes, que geram significados que modelam a nossa visão do Eu e do mundo. As vivências emocionais são cruciais na consolidação deste processo.
As emoções são fundamentalmente adaptativas e importantes para o nosso bem-estar e servem de indispensáveis alertas na nossa adequação ao meio e às situações, organizando assim ações responsivas adaptativas. No entanto, nem sempre estes constructos emocionais (significados) e relacionais são adequados, o que pode comprometer o bem-estar temporário ou permanente da pessoa, podendo originar uma Ansiedade Social intensa e difícil de gerir.
Pessoas com Ansiedade Social tendem a apresentar emoções desadaptativas como o medo e vergonha das situações sociais e de desempenho, isto porque receiam a avaliação negativa, o julgamento dos outros e o medo da falha.
Nestes momentos é importante perceber se esta ansiedade se constitui como problemática e clinicamente significativa. Alguns dos sinais de alerta e de necessidade, muitas vezes, de ajuda profissional são:
• Quando a ansiedade interfere significativamente no funcionamento ou no bem-estar da pessoa;
• Quando a ansiedade atinge um nível que a pessoa experimenta como indesejável ou irracional;
• Quando a ansiedade é consistente e inflexível ao longo do tempo e situações de um tipo específico;
• Quando a pessoa sofre situações temidas com intenso sofrimento ou dor emocionais, ou as evita completamente.
Acresce ainda uma elevada e severa auto-crítica (vêem-se como pessoas imperfeitas) e uma preocupação excessiva relativamente a futuras situações sociais e de desempenho, o que as leva ao evitamento como forma de proteção.
A pandemia, para muitos/as, veio agravar a sintomatologia, verificando-se um aumento na preocupação de como será de novo a “reintegração” na sociedade. Perante as restrições que nos foram colocadas, o isolamento social foi imperativo, acarretando uma estagnação no desenvolvimento das competências sociais, de uma forma presencial (sem a proteção de um ecrã).
No retomar, reiniciar-se-á o processo de luta e de conflitos internos, que irão exigir um esforço suplementar para reativar recursos e ultrapassar as situações que provocam medo e angústia. Algumas serão bem-sucedidas. Outras ficarão em stand-by, à espera de “melhores momentos”. Noutras o receio irá dominar e serão evitadas. Contudo, este processo irá impedir o desenvolvimento de competências e de vivência de oportunidades irrepetíveis.
A procura de ajuda psicoterapêutica especializada é importante e eficaz. Num “espaço” empático e competente, é possível refletir e compreender as experiências vivenciadas, assim como desenvolver novos significados emocionais e estratégias mais adaptativas às situações que provocam elevada ansiedade, receio e, por vezes, auto-boicote.
A saúde e bem-estar em primeiro lugar.
Joel Teixeira
Psicologia Clínica e Psicoterapia | IPNP Saúde
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