“Estou preocupado! Estou com dificuldade em lembrar-me!”

Com o passar dos anos as nossas conexões neuronais podem ficar enfraquecidas, e numa grande maioria das vezes, associamos o esquecimento ao envelhecimento.

Se pensarmos no exemplo dos carros, podemos verificar que ao longo do tempo importa cada vez mais fazer uma revisão, e sabemos que quanto mais cuidarmos do carro mais km´s fará e melhor qualidade de “vida” terá. 

Será o nosso cérebro diferente? 

Os nossos neurónios têm a capacidade de fazer milhares de ligações com outros neurónios, o que permite formar redes neuronais. Estas conexões não são estáticas, uma vez que sofrem alterações ao longo do tempo. 

Com o passar da idade há uma maior prevalência para o desinvestimento em atividades do dia a dia. Tal fenómeno fará com que sejam enviadas ao nosso cérebro menos informações o que irá contribuir para que os nossos neurónios comecem a enfraquecer as conexões, o que por sua vez, poderá evoluir para lacunas na memória.

Porque é tão importante “cuidarmos” da nossa memória?

A memória é uma função cognitiva que nos permite codificar a informação recebida, armazenar durante um período de tempo, recuperar sempre que necessário e utilizar adequadamente. 

Contudo, ao falarmos de deterioração da memória é relevante especificar qual o tipo de memória afetada tendo em conta a duração do seu armazenamento e a capacidade do mesmo, sendo que para isso distinguimos os diferentes tipos existentes: 

⇝Memória de Trabalho: é a memória que nos suporta as informações ao realizarmos determinadas tarefas complexas. É o tipo de memória utilizada quando pedimos a uma pessoa para repetir uma determinada sequência de letras na ordem inversa.

⇝Memória de Curto Prazo: é a memória que se relaciona com a retenção de pequenas quantidades de informação e mantêm-na mais consciente. É um tipo de memória mais limitado, por exemplo, apenas conseguimos memorizar cinco palavras ou sete números consecutivos, aproximadamente.

⇝Memória de Longo Prazo: é a memória com maior capacidade de armazenamento da informação recebida e é onde retemos a informação durante períodos longos de tempo, ou até mesmo para toda a sua vida. Dentro deste tipo de memória, existem ainda subtipos de memória, tais como a memória episódica, semântica e procedimental. 

⇝Memória Emocional: responsável pela aquisição e armazenamento do significado emocional das experiências. Quando ativado reforça a memória e permite um armazenamento mais eficaz na memória de longo-prazo.

Quando estimulamos a nossa memória, o intuito é o de melhorar a capacidade de retenção de informação do próprio indivíduo para tarefas ou exercícios que necessite de executar passado um determinado período de tempo ou permitindo a recordação de eventos ou momentos da sua vida.

Portanto, a melhor forma de prevenir o surgimento de falhas de memória é optar por um estilo de vida ativa, uma alimentação saudável, prática de exercício físico, manter uma “vida social” ativa e praticar exercícios de estimulação cognitiva diariamente (ex: jogos de quebra cabeças, leitura). 

A Neuropsicologia como ciência que estuda e avalia as funções mnésicas surge com um papel imprescindível, constituindo-se um aliado para a prevenção e intervenção. 

Dispõe de um conjunto de ferramentas e conhecimento que permitem avaliar e ajustar a intervenção mediante a necessidade. A avaliação neuropsicológica permite detetar um possível comprometimento cognitivo de forma precoce, podendo intervir eficazmente com o intuito de diminuir as consequências associadas.

Cuide do seu cérebro e estará a cuidar de si!

Joel Teixeira 
Neuropsicologia Clínica | IPNP Saúde 

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