Vida suspensa…
Estamos em julho num fim de tarde quente e tranquilo.
Luís, 27 anos, é um jovem pacato e descontraído que adora o seu trabalho como farmacêutico. É culto, interessa-se pela história de arte e pelas “coisas” do mundo em geral. Já em setembro irá casar e está tudo organizado; até porque não aprecia “imprevistos”.
Num sopro, a vida em suspenso... sofre um violento acidente de viação com multitraumatismos, ficando inconsciente e em estado grave.
Seguem-se meses de coma, cirurgias, longos períodos de recuperação, perda de emprego, família e rede social devastados e tantas outras consequências num efeito de dominó.
Esta é a história real de uma de entre muitas vítimas de traumatismos cranioencefálicos (TCEs), um importante problema de saúde pública, que origina, frequentemente, a morte, lesões e incapacidades de pessoas jovens, produtivas e com uma longa esperança de vida.
O impacto nas dimensões físicas, neuropsicológicas, comportamentais, emocionais e sociais que afetam não só o/a paciente, como a família e o contexto social é dramático.
Na grande maioria, depois de meses de reabilitação física, a sua integração académica, social e/ou laboral é inexistente. Sucedem-se anos num vazio, numa espera de não saber o quê, degradando-se a vida interna, os relacionamentos e a convivência familiar, conjugal e social.
Para uma minoria, a reabilitação neuropsicológica foi e é o ponto de inflexão na melhoria da qualidade de vida destas pessoas.
Numa abordagem interdisciplinar, e em estreita ligação com o/a paciente, a família e os/as cuidadores/as, é possível devolver uma autonomia nas atividades da vida diária, integrar novas dimensões no Eu, desenvolver as competências cognitivas e sócio emocionais, e reintegrar, em muitos casos, profissionalmente.
Equipas especializadas estabelecem os objetivos e metas a serem alcançados dentro de um plano de reabilitação individualizado e com base num diagnóstico prévio, com monitorização dos progressos e ajustes necessários de intervenção.
Outros caminhos se abrem, projetos de vida são repensados e novas metas estabelecidas, melhorando não só a qualidade de vida dos/as pacientes com TCE e das suas famílias, como também previnem o desenvolvimento futuro de patologias físicas e psicológicas graves.
E Luís está no caminho. Da sua total dependência após o acidente a uma nova autonomia, da reforma antecipada a uma integração laboral num novo contexto, da desadequação comportamental a uma melhoria na gestão emocional, irrompe continuamente uma mente “inquieta” que deseja crescer e evoluir num novo projeto de vida.
Vida suspensa… futuro repensado!
Valéria Sousa-Gomes
Neurospsicologia Clínica | IPNP Saúde
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