Sexualidade na Incapacidade


A Sexualidade na Deficiência continua a estar envolta em muitos mitos e preconceitos falsos, nomeadamente, a ideia de que as pessoas com deficiência não têm sentimentos, pensamentos, necessidades e/ou ou impulsos sexuais (são assexuais) ou, pelo contrário, são pessoas hiperssexuais, que não sabem estar, nem conseguem controlar os seus impulsos.


Numa sociedade assente em padrões irrealistas de beleza corporal, onde a diferença parece ainda não ter lugar, as pessoas com deficiência ainda são vistas como pessoas não muito bonitas, não muito atrativas, parecendo estar "fora das normas". E a crença de que as pessoas portadoras de deficiência são infantis e, por isso, dependentes, alimenta a ideia de que são incapazes de usufruir de uma vida sexual adulta. 


Apesar de a Sexualidade ser essencial à Saúde, no que respeita às pessoas com algum tipo de incapacidade, ela é frequentemente ignorada ou até negligenciada pela sociedade em geral. Ainda que se venha a assistir a uma preocupação crescente pela sexualidade de pessoas com deficiência,  é inegável a existência de muitas ideias pré-concebidas enraizadas. E quanto mais visível a incapacidade, maior o estigma... Para os homens, a prostituição é muitas vezes a saída (quando conseguem encontrar alguém que aceite a sua condição), mas para as mulheres com deficiência, o tema parece ser ainda mais tabu, a que se junta o medo de poderem engravidar e de os filhos também poderem ser deficientes... 

 

Num estudo de Raquel Pereira, Pedro Teixeira e Pedro J. Nobre, do laboratório SexLab da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), verificou-se que o isolamento social, a baixa autoestima e o preconceito são as principais barreiras à sexualidade de pessoas com incapacidade, que sentem a necessidade de aceder a informação especializada para lidar com o impacto da sua condição física na sexualidade. O acesso limitado a determinadas tecnologias, atividades ou recursos financeiros para tratamentos especializados que pudessem, de alguma forma, ajudar a resolver algumas questões no âmbito da sexualidade, também são apontados como entraves, no que respeita às barreiras contextuais na vida sexual. 

 

Sexualidade vai muito além do ato sexual e da penetração, e no caso das pessoas com algum tipo de incapacidade, a atenção e os abraços tornam-se mais fortes, e muitas vezes os laços afetivos valem mais do que cinco minutos de prazer, mas para tudo é preciso uma aprendizagem e tempo de adaptação, e tem de haver aceitação plena... 



A afetividade e a autonomia da sexualidade na deficiência e incapacidade são quase sempre ignoradas e negligenciadas, sendo muitas vezes a própria família, por receio, a colocar barreiras e entraves à vivência da sexualidade. Para as pessoas portadoras de deficiência, o próprio mercado erótico começa a investir em brinquedos sexuais adaptados, nomeadamente, os vibradores "mãos livres", para quem não tenha a possibilidade de agarrar o vibrador enquanto se masturba. Afinal, sentir Desejo e não o poder satisfazer por incapacidade, parece ser mesmo o mais difícil... 

 

Urge, por isso, a necessidade de se sensibilizar não só as pessoas que trabalham nas instituições, como também a própria família. Afinal, “Quebrar o Tabu sobre a Sexualidade de pessoas com deficiência ou incapacidade, é quebrar o tabu da Sexualidade de Todas as pessoas”! (SexLab)

 

Cuide de Si e da Sua Relação

 

Ana Medeiros

Sexologia Clínica | IPNP Saúde 

 

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