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O que fazer quando os filhos mentem?

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Quando os pais se apercebem que os seus filhos mentem sentem-se, habitualmente, enganados , zangados , desiludidos e tendem a culpar os próprios filhos pelo sucedido. A mentira é sentida como algo que fere a confiança , base das relações humanas, e interpretada como pessoal.  Mas que significado tem a mentira na relação entre pais e filhos? O que devem fazer os pais para lidar com a mentira? Será importante, antes de mais, compreender que a mentira tem uma função iminentemente social, de regular as relações , as emoções e a vida em sociedade . Como nos diz Antonino Ferro “Somos uma espécie que mente!” É essencial também olhá-la e pensá-la como encerrando em si um espetro, que vai do lúdico (ex. brincadeira, partida, uma provocação, ...), passando por um amortecedor relacional (ex. ser totalmente transparente poderia magoar o Outro num momento mais sensível, desiludir quem se ama, ...), à mentira danosa, destrutiva e/ou autodestrutiva . Na relação pais e filhos, a grande ma

Estou no 9º ano… e agora?

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No final do 9º ano os jovens deparam-se com uma tomada de decisão importante , é uma altura pautada com alguma ansiedade e incerteza .  Propomos-te seguir alguns passos que te poderão ajudar.  1. Conhece-te a ti próprio Nesta fase o autoconhecimento é muito importante.   Pensa:  - O que mais gostas de fazer? O que gostas menos de fazer?  - Quais as tarefas em que te sentes mais competente?  - O que é que valorizas enquanto pessoa? - Que características terá o tipo de trabalho que gostarias de fazer?   2. Explora os percursos escolares que existem após a conclusão do 9º ano.  Lembra-te:  - Explorar as várias alternativas ajudar-te-á a tomar melhores decisões; - Todas as alternativas são válidas; - Todos os cursos são bons! O importante é que tomes a melhor decisão para ti.  3. Decide! - Pensa nas tuas experiências e como te imaginas daqui a 5 ou 10 anos.  - Lembra-te dos teus objetivos.  - Informa-te bem sobre os percursos existentes.  - Procura perceber bem cada uma das a

Que partes de nós não são afetadas pela demência?

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“Penso em ti mesmo quando não estou a pensar”, foram as palavras que uma mãe, com 84 anos e uma demência, disse ao filho certo dia ao telefone. Demência, essa palavra tão pesada capaz de encerrar com a memória as vivências que constituem quem uma pessoa é e o que lhe aconteceu ao longo de uma tão longa vida. No entanto este relato, como outros, desvenda um lado por vezes invisível desta narrativa: não somos só o que lembramos, somos também o que sentimos . A memória, de um ponto de vista neurofuncional, não constitui uma estrutura unitária mas um vasto sistema estruturado em várias componentes cognitivas e sensoriais que recebem e codificam a informação verbal, visual, olfativa ou corporal, e que interage com outras funções cognitivas como o pensamento ou a perceção, e com estruturas límbicas que fazem emergir a emoção . O que significa que, quando nos lembramos de alguém, lembramos não só o rosto mas o tom de voz, o cheiro, o brilho do olhar, a segurança que sentimos quando

Relação entre a perceção sensorial e as competências funcionais

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A maior parte da aprendizagem da criança ocorre através da integração multissensorial, que envolve informação de diferentes sistemas sensoriais que é processada e integrada pelo sistema nervoso, de forma a maximizar o seu significado. Desta forma, são desenvolvidas competências funcionais indispensáveis para o desempenho da criança nas atividades de vida diária, na participação social e na aprendizagem académica.  Seguem-se alguns exemplos da relação entre a perceção de cada um dos sete sentidos e as competências funcionais , essenciais para a participação e desempenho da criança nas várias ocupações e contextos em que se encontra inserida:    ✋ Através da perceção tátil a criança é capaz de se vestir/despir, ajustar e abotoar/desabotoar a roupa sem depender da visão; 👀 Através da perceção visual a criança consegue discriminar as letras b, d, q, p na leitura de um texto; 🏀 Através da perceção vestibular a criança é capaz de determinar quão rápido é necessário correr para apanhar u

A Demência pode ter diferentes fases?

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A vivência de uma demência revela-se um processo exigente, não só para o doente como para  o seu cuidador, sendo fundamental que este último reconheça as diferentes fases pelas quais se poderá passar. Importa referir que os sinais e sintomas da doença podem variar de acordo com a sua etiologia (causa), havendo, assim, vários tipos de demência, sendo a mais prevalente a doença de Alzheimer. Todas as demências são doenças progressivas , que tendem a obedecer a um padrão, pelo que se identificam, habitualmente, três fases da evolução da demência: - Fase Ligeira: uma fase em que nem sempre se valorizam devidamente determinadas alterações comportamentais, que afetam, essencialmente, as atividades executivas, por exemplo, ser incapaz de resolver problemas, não planear o dia, não se lembrar de pagar as contas, perder objetos, ou ter necessidade de ver constantemente o calendário para se situar no tempo. Nesta fase, a prioridade passa pelo apoio na consciencialização e adaptação ao di

Porque é que um pai que ajuda com os filhos é um superpai e uma mãe só está a fazer a sua obrigação?

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Tenho recebido imensos pedidos de ajuda psicoterapêutica de e/ou para recém-mamãs. Esse facto fez-me questionar e repensar a forma como encaramos a maternidade . Fato é que nesta área precisamos, em primeiro lugar, de mais empatia , principalmente umas para com as outras. O ser humano tem a necessidade constante de julgar e de se comparar com os outros. E, infelizmente, as mulheres continuam a ser as primeiras a autocriticar-se ou criticar as outras, especialmente no campo da maternidade. Continua a prevalecer a ideia de que quanto mais se sofre, melhor mãe se é.  Comparam-se tamanhos de barriga, horas em trabalho de parto, se se dá à luz por parto normal ou cesariana, existindo uma grande necessidade de perceber quem sofreu mais. Continua a prevalecer a ideia de que quanto mais se sofre, melhor mãe se é. Se fizeram cesariana, não tiveram contrações e nem uns pontinhos na vagina, “não sabem o que é ser mãe”. Associa-se a boa maternidade a muito sofrimento e a uma elevada dose de lágrim

Cérebro de pai!

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Com o envolvimento crescente dos pais na vida da criança, há cada vez mais interesse da comunidade científica e clínica acerca da base neuronal e da transformação cerebral da paternidade humana.    É inegável o lugar e o papel dos pais na vida da criança; são uma base segura importantíssima para o  desenvolvimento afetivo, social e cognitivo , fornecendo o suporte e confiança para explorar o mundo. O pai é uma fonte de resiliência no contexto da adversidade familiar e é imensa a sua capacidade de "curar", proteger e fomentar a maturação e funcionalidade do cérebro social nos membros da família, através da  sensibilidade paterna, sintonia e apoio . Mas os benéficos não se encerram apenas na criança, pois também para os pais a experiência é, genericamente, de enorme gratificação e realização!  É neste contexto dinâmico e recíproco, que surge o interesse de compreender como o cérebro e os sistemas neurohormonais de um pai acolhem a transição para a paternidade e como tais altera

Anúncio das Núpcias vs. Separação

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Vou começar por sugerir que veja a série Modern Love , uma comédia romântica que aborda diversas formas de amor . Podem emergir sentimentos que só o mundo do cinema consegue despertar. Podemos até nos identificar com algum episódio, mas a nossa história continuará única e irreproduzível . Agora, fora dos ecrãs, sabemos que há coisas em comum quando falamos de histórias de amor. Há sempre lugar… … a um passado co-construído, narrado no presente. … a interesses proclamados e, com o tempo, mais reclamados do que anunciados. … a papéis mais ou menos esperados, satisfeitos, desejados, temidos. … a uma união; a união faz a força. … a algo que acrescenta, enaltece, degrada, desvanece. A lista é um pouco mais extensa, bem sei. Afinal, o amor moderno emerge de um clássico . Há muito que se anda a decifrar este enigma. Por isso os contos de fadas conhecem diferentes narrativas . O “felizes para sempre” aparece em histórias onde não se quer participar. Mas para se ser, para se pensar, a pessoa te

Saúde Mental do Cuidador da Pessoa com Doença de Alzheimer

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A Doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que provoca uma deterioração global progressiva das funções cognitivas (memória, orientação, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras), envolvendo alterações no seu comportamento , personalidade e capacidade funcional , logo uma dificuldade na realização das suas atividades de vida diária. A intervenção neuropsicológica torna-se fundamental, na medida em que favorece a melhoria/manutenção (por o tempo mais prolongado possível) das funções cognitivas , autonomia , funcionalidade , estado emocional e/  comportamento da pessoa.   O apoio ao Cuidador também é objetivo importante quando se intervém com a Pessoa com Doença de Alzheimer, ou outras doenças do foro neurológico, com vista à melhoria do seu bem-estar e saúde mental , conseguindo assim cuidar melhor do outro. Perante a doença de um ente querido, por exemplo da Doença de Alzheimer, que altera não só a vida da pessoa, mas também muito da dos que o/a rodeia

Porque casais infelizes permanecem juntos?

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As relações humanas são essenciais à nossa vida, sendo que para muitos o sucesso das relações amorosas é tão ou mais importante do que o sucesso no trabalho, ou em outras áreas da nossa vida. Sabe-se que não há relações perfeitas, no entanto muitos casais optam por permanecer juntos, ainda que a relação esteja, já há muito, em fase de desgaste emocional . São vários os motivos que podem manter o casal “preso” a uma relação que sentem, habitualmente, como vazia , tais como: -    Questões religiosas (ex.: a crença do casamento como algo sagrado e “para sempre”); -  A  ideia de compromisso (o chamado “Amor vazio”, sustentado apenas pelo sentimento de um forte compromisso entre o casal, faltando a intimidade e a paixão); -   Sentimentos de tempo perdido (um dos vieses cognitivos que mais nos prejudicam, assente na crença de que como já foram investidos tantos recursos e esforços para que a relação dê certo, deve-se perseverar nela mesma, ainda que tudo indique não estar a resu

Hiperatividade e Défice de Atenção no Adulto

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Conceptualizada durante anos como uma doença predominantemente da criança e adolescente, a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) no adulto é cada vez mais reconhecida como um problema de saúde relevante. Trata-se de uma doença do neurodesenvolvimento que na criança se caracteriza sobretudo por uma constelação de sintomas de inquietação, impulsividade e dificuldades de atenção , podendo dificultar o aproveitamento escolar e/ou a relação com pares e professores, cuja prevalência tem aumentado à custa de maior percepção acerca do diagnóstico e do seu impacto. No adulto, a PHDA caracteriza-se sobretudo pelos seus sintomas de défice de atenção, com dificuldade em manter a atenção sustentadamente numa tarefa específica, conversa ou interação social. São também muito comuns os sintomas de impulsividade , que podem associar-se a comportamentos desadaptativos como consumos de substâncias ou dificuldades na relação com terceiros. Na realidade, sabe-se hoje que um conjun