Intervir na infância para a prevenção da violência no adulto

A estrutura de personalidade, que inclui um conjunto de dimensões afetivas, interpessoais e comportamentais, começa a organizar-se na infância. Comportamentos agressivos frequentes e inadequados na infância e/ou na adolescência podem ser indicadores de perturbações de comportamento e precursores do desenvolvimento de traços de psicopatia. 

A psicopatia encontra-se muitas vezes associada a comportamentos violentos, reincidência, abuso de substâncias e resposta empobrecida ao tratamento em adultos. As investigações sugerem que os mecanismos envolvidos no desenvolvimento desta perturbação incluem fatores biológicos e ambientais. Um dos fatores ambientais encontrados é o trauma vivenciado na infância, que inclui abuso sexual, físico e emocional, negligência e testemunho de violência parental, o que poderá estar na origem da sua incapacidade de, muitas vezes, sentir emoções profundas, como empatia, amor, culpa ou remorso.
Os traços psicopáticos parecem ser relativamente estáveis ao longo do tempo, causando danos na vida do próprio e na vida de quem com ele convive e, até mesmo, na sociedade. Indivíduos de elevada psicopatia representam entre 20 a 25% de indivíduos reclusos, embora constituam apenas 1 a 5% da população adulta. 

Tanto a teoria quanto a investigação sugerem que existem variantes primárias e secundárias da psicopatia, sendo que estas variantes diferem especialmente na estabilidade emocional. 

Nos psicopatas predominantemente primários (PP) as principais características interpessoais e afetivas desta estrutura de personalidade parecem ter uma forte carga hereditária/genética. Por outro lado, nos psicopatas predominantemente secundários (PS) estas parecem resultar mais de experiências ambientais adversas, por exemplo rejeição e abuso dos pais, e não tanto de fatores genéticos. Dito de outra forma, a estrutura da PP parece ser reflexo essencialmente da configuração genética, enquanto a estrutura da PS parece ser mais determinada pela experiência e reações afetivas como depressão, ansiedade, culpa, e hostilidade. Ao contrário da psicopatia primária, a secundária pode ser caracterizada por psicopatologia acentuada, incluindo ansiedade, depressão, perturbação de stress pós-traumático perturbação borderline da personalidade. Os PS também apresentam níveis mais baixos de autocontrolo, o que em certa medida conduz a um maior uso e abuso de substâncias do que os PP. 

Neste âmbito é de extrema importância intervir na infância com os diferentes agentes com que a criança interage (pais, educadores, profissionais, sociedade), nomeadamente quando são detectadas situações potencialmente desencadeadoras de violência. Quanto mais atempadamente esta intervenção for realizada maior é a probabilidade de estes comportamentos disfuncionais se restringirem a esta faixa etária, especificamente se se tratar da psicopatia secundária.

O objetivo é intervir de forma preventiva e não remediativa!
Para mais informações, contacte-nos.

Diana Dias Moreira 

Psicologia Clínica Forense | IPNP Saúde

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