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A mostrar mensagens de abril, 2022

Criança, Cérebro e Depressão – Sinais de Alerta

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A depressão na infância envolve um profundo impacto no desenvolvimento da criança em todas as suas dimensões ( cognitivas, emocionais, afetivas, sociais ). A nível cerebral, sabemos que esta interfere de forma significativa com o hipocampo, a amígdala e o córtex pré-frontal, três áreas com funções muito importantes a nível do processamento da memória, aprendizagem, concentração e cognição. Vários estudos de neuroimagem indicam que indivíduos com episódios recorrentes de depressão podem apresentar uma redução do volume do hipocampo, explicando as dificuldades relacionadas com a memória , assim como, alterações volumétricas de outras regiões, como por exemplo a amígdala. Gaffrey et al. (2012), a propósito do impacto da depressão a nível cerebral , salienta a existência de uma reduzida conectividade entre diferentes áreas do córtex frontal, relacionadas com a regulação do comportamento , fundamentais para que a criança consiga compreender e ajustar o seu comportamento ao meio em que

Crianças bonitas choram!

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Quantas vezes ouvimos adultos dizerem às crianças, “crianças bonitas não choram!” ou “só as crianças feias fazem birras assim!”. Mas porque é que chorar é tão mau? Porque é que esperamos que as crianças saibam regular as suas emoções e saibam como se devem comportar nas mais variadas situações, se não as ensinamos? Quantos de nós sabemos realmente o que é a inteligência emocional e qual a sua importância no desenvolvimento das crianças?   A inteligência emocional é a capacidade de reconhecer, verbalizar, compreender e gerir as próprias emoções , assim como as dos Outros . A aquisição destas competências permite que as crianças adquiram competências intrapessoais (autonomia, autoconfiança, resiliência, etc.), assim como competências interpessoais (empatia, cooperação, respeito, etc.). O desenvolvimento da inteligência emocional promove assim o estabelecimento de relações pessoais positivas, uma vez que a promoção da compreensão e validação das emoções do outro aumenta a empatia e as

Na família todos se sentam à mesa, os pais e os filhos

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Se parar meio minuto para pensar sobre funções parentais , quais identifica primeiro? Quanto tempo mais é necessário para acrescentar as que faltam? Quais emergiram primeiro? As que têm por base as necessidades dos filhos ou as dos pais?   As funções não ficam num contrato previamente definido. (Ainda bem…) No entanto, não se resumem a nutrir o corpo de alimento e afeto… Estas funções variam ao longo do tempo, das fronteiras, das possibilidades e ambições. As funções parentais existem nas narrativas sociais mas são também muito pessoais.   No meio disto… As pessoas correm risco, quando os diálogos se tornam monólogos, nos cafés, nas casas, nos consultórios, nos ecrãs. As funções parentais precisam ser pensadas e encaradas pelo próprio , que em consciência define para si e para os seus, com os seus, a base da relação.   Confesso-me entusiasmada com o investimento a que assistimos na parentalidade, mas na mesma medida em sobressalto com o outro prato da balança. As estratégias dão jeito

O Lugar da Empatia

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Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele. Carl Rogers Num Mundo cada vez mais apressado em que os dias emergem e correm a toda a velocidade, entre múltiplas coisas, múltiplas tarefas e múltiplos papéis, importa parar, encontrar o nosso eixo e não esquecer quem nos rodeia.  Não esquecer quem nos rodeia é perceber o Outro. Já alguma vez se colocou no lugar do outro?  Olhou para uma situação ou problema e experimentou caminhar nos sapatos de outra pessoa? Há uma multiplicidade sem fim de tamanhos: uns mais pequenos, outros maiores e outros há mais parecidos com o nosso. A empatia , implica a competência de nos colocarmos no lugar do outro, de  compreender o que a pessoa pensa sobre o seu problema, as emoções que associa com os seus pensamentos e imagens.  É conseguir caminhar com os seus sapatos , ver o mundo da sua perspetiva, identificando-nos assim intelectual e/ou afetivamente com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa. Um ganho im

"Tremem-me as mãos" - Viver com Parkinson

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A doença de Parkinson é uma doença progressiva e degenerativa e tem sido caracterizada por tremores em repouso, rigidez muscular, movimentos lentos e diminuídos e, com o tempo, instabilidade postural e/ou de marcha. O diagnóstico é clínico . O objetivo do tratamento é restaurar a função dopaminérgica no cérebro com levodopa mais carbidopa e/ou outros fármacos. A doença de Parkinson afeta cerca de: - 0.4% das pessoas > 40 anos; - 1% das pessoas ≥ 65 anos; - 10% das pessoas ≥ 80 anos. A média etária de início da doença é de aproximadamente 57 anos.  Etiologia É provável que haja predisposição genética, pelo menos em alguns casos da doença de Parkinson. Cerca de 10% dos pacientes têm história familiar de doença de Parkinson . Foram identificados vários genes anormais. A herança é autossómica dominante para alguns genes e autossómica recessiva para outros. Uma mutação na quinase 2 rica em leucina (LRRK2; também conhecido como PARK8) é um gene que codifica a proteína dardarina. Em tod

Higiene do Sono

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Boas práticas de higiene de sono podem prevenir e ajudar a gerir as perturbações do mesmo. A rotina é fundamental para uma boa higiene do sono, especificamente horários consistentes e rotinas pré-dormir.  Ter uma hora de ir dormir regular melhora o sono, quer o tempo de latência para adormecer, quer a frequências de despertares noturnos.  Uma rotina saudável é aquela que é consistente , apropriada à idade e ajuda a criança a ficar sonolenta, mas que a torna capaz de adormecer sozinha. As rotinas pré-deitar:  - Devem ser breves: até 30-45 min.  - Devem envolver sempre as mesmas atividades relaxantes, como um banho morno, ler histórias, cantar...  - De seguida, as crianças devem estar num ambiente confortável (calmo, silencioso, escuro e temperatura amena, sem TV).  Horas da sesta (não deve ser muito ao final da tarde), de ir dormir e de acordar devem ser regulares.  Ao acordar, a criança deve ser estimulada apropriadamente.  Deve ser exposta à luz de manhã e deve praticar exercício

O lugar da incerteza

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"Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram." Fiódor Dostoiévski, em Os irmãos Karamazov   Muitas certezas criam estagnação. Ainda que seja confortável entorpece o pensamento e a criatividade .   Embora em boa verdade precisemos de (algumas) certezas para nos podermos aventurar com outra segurança em territórios desconhecidos, é a desarrumação que permite espaço para o novo . Pensar, um pouco como a água do rio, tira-nos da rigidez , permite-nos fluir e evoluir , de outra forma não saímos do mesmo lugar.   E quando o pensamento anda às voltas como um barco com o leme estragado, e parece não levar a lado nenhum?   Há sempre a possibilidade de pedir ajuda a um outro que pe

O que fazer quando os filhos mentem?

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Quando os pais se apercebem que os seus filhos mentem sentem-se, habitualmente, enganados , zangados , desiludidos e tendem a culpar os próprios filhos pelo sucedido. A mentira é sentida como algo que fere a confiança , base das relações humanas, e interpretada como pessoal.  Mas que significado tem a mentira na relação entre pais e filhos? O que devem fazer os pais para lidar com a mentira? Será importante, antes de mais, compreender que a mentira tem uma função iminentemente social, de regular as relações , as emoções e a vida em sociedade . Como nos diz Antonino Ferro “Somos uma espécie que mente!” É essencial também olhá-la e pensá-la como encerrando em si um espetro, que vai do lúdico (ex. brincadeira, partida, uma provocação, ...), passando por um amortecedor relacional (ex. ser totalmente transparente poderia magoar o Outro num momento mais sensível, desiludir quem se ama, ...), à mentira danosa, destrutiva e/ou autodestrutiva . Na relação pais e filhos, a grande ma