O QUE É A DEMÊNCIA? QUAL A IMPORTÂNCIA DA NEUROPSICOLOGIA?

A Demência é considerada uma das doenças mais exigentes da atualidade, dado o grande impacto que tem na vida da pessoa e dos que a rodeiam, principalmente dos que cuidam e estão mais próximos. A necessidade de adaptação a novas e, muitas vezes abruptas, condições/mudanças, pode envolver grande dificuldade e complexidade, sendo fundamental o recurso a diversos apoios, sejam eles pessoais, sociais e/ou profissionais.  

A Demência é uma perturbação neurocognitiva adquirida, mais frequente em idades avançadas, que envolve um declínio cognitivo significativo, em comparação com o nível de desempenho prévio, em um ou mais dos seguintes domínios – atenção complexa, função executiva, aprendizagem e memória, linguagem, programação motora ou cognição social. O problema surge de alterações cerebrais (caráter orgânico), sem que inicialmente exista perturbação do nível de consciência. A severidade do deficit cognitivo na demência interfere com o normal funcionamento familiar, social e ocupacional da pessoa, afetando a sua capacidade de autonomia/independência.

As demências podem ser degenerativas primárias (ex.: Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson, Doença de Corpos de Lewy, Doença de Huntington, Demência Frontotemporal), vasculares (causada por doença cerebrovascular, por ex. AVC) ou secundárias (ex.: a infeção por HIV, uso de substância/medicamento). 

A Doença de Alzheimer constitui o tipo de demência mais comum, já que se estima que cerca de 60-80% dos casos corresponde a esta patologia, seguida da Demência Vascular e da Doença de Parkinson. Em Portugal, os dados da investigação sugerem que a mais prevalente é a  Demência Vascular.

Seguem-se alguns sinais que poderão alertar para o desenvolvimento de uma demência, justificando uma avaliação neuropsicológica:

- Alterações de memória (ex.: dificuldade em lembrar informações recentes, datas e eventos importantes, recordar listas de compras, onde guarda objetos);

- Dificuldade em planear, tomar decisões e resolver problemas (ex.: em seguir um plano, de gerir as suas contas, em preparar uma refeição)

- Dificuldade em realizar tarefas diárias/familiares (ex.: em conduzir, cozinhar, em lembrar das regras do jogo preferido)

- Desorientação temporal e espacial (ex.: esquecimento da data e estação do ano, de onde se encontra e como chegou lá)

- Dificuldade em perceber imagens e relações espaciais (ex.: dificuldade de leitura, em calcular distâncias, não reconhecer a sua imagem refletida no espelho)

- Problemas de linguagem (ex.: dificuldade em iniciar e manter uma conversa, em encontrar palavras adequadas, em nomear objetos)

- Trocar o lugar das coisas (ex.: perder objetos, acusar os outros de roubo porque não se lembra onde os colocou)

- Dificuldade de discernimento (ex.: não perceber quando o estão a enganar, vestir-se de forma desadequada)

- Afastamento do trabalho e da vida social (ex.: abandono de hobbies, atividades sociais ou projetos de trabalho)

- Alterações de humor e personalidade (ex.: ocorrência de confusão, apatia, depressão, ansiedade, medos, desconfiança, irritabilidade, alterações bruscas de humor)

intervenção neuropsicológica tem por base um conceito muito importante – neuroplasticidade, que se refere à capacidade do cérebro de mudar e se readaptar/reorganizar/moldar com a experiência, otimizando a sua função. Basicamente, é o que possibilita que as competências cognitivas, emocionais ou relacionais sejam passíveis de melhoria mediante a intervenção e estimulação adequadas. 

especialidade de neuropsicologia clínica vai então permitir, partindo de uma avaliação profunda e detalhada, a elaboração e implementação de um plano de reabilitação, em articulação com outras especialidades médicas, terapêuticas, etc., ou seja, em equipa multidisciplinar, devidamente ajustado e personalizado à condição da pessoa, sendo esta intervenção não só direcionada ao próprio, mas também de apoio aos cuidadores (informais e/ou formais).

Esta especialidade visa por isso a prevenção, avaliação e reabilitação/promoção de recursos neurocognitivos, emocionais e relacionais, que foram afetados por alteração/lesão cerebral devido a determinada doença. No caso da demência, o principal objetivo é de minimizar ou atrasar ao máximo o agravamento do sintoma, assim como a perda de autonomia e funcionalidade, através de estimulação adequada, recorrendo sempre às características/interesses/gostos mais individuais e funções/capacidades de maior potencial da pessoa.

A resposta à necessidade da pessoa com demência (e seus cuidadores) será melhor e mais eficaz, quanto mais precoce, integrado e especializado for o seu diagnóstico e intervenção.

Para mais informações, contacte-nos!

 

Célia Baldaia

Neuropsicologia Clínica | IPNP Saúde


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