Emoção e Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE)

 O TCE é definido como uma lesão cerebral adquirida, ou seja, uma lesão ou dano cerebral que ocorre após o nascimento do indivíduo, não estando relacionada com nenhum tipo de doença, mas sim com algum acidente ou agressão física externa que possa ter sucedido. Ao nível da sua etiologia, o TCE tem como principal causa os acidentes automobilísticos.

As consequências de um TCE podem ser graves, envolvendo alterações de consciência, e comprometimento de capacidades a vários níveis - físico, cognitivo, comportamental e emocional.

Quais as áreas cerebrais mais afetadas?

Nos TCE, as regiões cerebrais mais afetadas são os lobos frontais, o lobo temporal e regiões occipitais. Contudo, independentemente da localização da lesão, a grande maioria dos traumatismos tem impacto na memória e no funcionamento executivo do indivíduo, variando ao nível da gravidade.

Dentro destas áreas, importa salientar, que a componente emocional está também presente, logo também é afetada.


O que ocorre então a nível das emoções?

Uma das consequências mais comuns e reportadas nos traumatismos é a dificuldade em  controlar as emoções, que se expressa, por exemplo, através do riso e o choro patológico, irritabilidade e uma certa labilidade emocional. As emoções tendem a ser intensas e desadequadas às situações. Para além disso, segundo alguns autores, a pessoa pode manifestar também incapacidade de reconhecimento emocional, ou seja, de reconhecer as suas emoções e as dos outros, podendo dificultar a sua capacidade empática, logo, gerar problemas interpessoais e de funcionamento social.

Concomitantemente é comum desencadear-se um descontrolo e/ou desinibição comportamental, tendendo o indivíduo a agir de modo impulsivo, irritável e, às vezes, até de forma agressiva, perante estímulos externos.

De forma geral, as alterações mais presentes decorrentes de um traumatismo, são então a  desinibição comportamental, irritabilidade, impulsividade, labilidade emocional, incapacidade de reconhecer emoções e diminuição da empatia, o que contribui para dificuldades em manter relações interpessoais significativas e de longa duração e atividades sociais e de lazer.

Qual o papel da Neuropsicologia?

A reabilitação, adaptação e reintegração do indivíduo com TCE na sociedade tornam-se imperativas, devendo o acompanhamento especializado ser iniciado o mais precocemente possível.

A especialidade de Neuropsicologia tem um papel essencial na avaliação das consequências do TCE na vida da pessoa, assim como, na execução, desenvolvimento e implementação de um plano de reabilitação adequado, que tem como principais objetivos não só a estimulação neurocognitiva, mas também a promoção dos aspetos emocionais e comportamentais, o desenvolvimento da autonomia e funcionalidade, e o apoio à família/cuidadores.

Especificamente nos processos emocionais, o/a neuropsicólogo/a promove uma maior capacidade de reconhecimento facial e da emoção, quer no próprio quer nos outros, estratégias de regulação emocional e comportamental e, consequentemente, a capacidade empática (estar no lugar do outro), facilitando assim a qualidade das suas relações e de responder adequada e ajustadamente às situações da vida quotidiana.

Marina Santos

Neuropsicologia Clínica | IPNP Saúde

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