Portugueses são mais afetados por Demência Vascular! Como prevenir? Como tratar?

 A Demência Vascular (DV) compreende um declínio cognitivo devido a disfunção/lesão cerebral provocada por doença cerebrovascular, ou seja, doença que afeta a circulação sanguínea cerebral.

Os principais fatores de risco são a hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC).


As causas da DV podem variar desde doenças que afetam grandes vasos, de múltiplos enfartes ou um único enfarte estratégico, a doenças de pequenos vasos, como por exemplo, a vascular subcortical.

A sua manifestação torna-se, assim, bastante heterogénea, dependendo do tipo de lesões vasculares e da sua extensão e localização. Estas podem ser focais, multifocais e/ou difusas, envolvendo áreas corticais e/ou subcorticais.

Os sintomas tendem a ter início abrupto e a progredir em «degraus», com pioras súbitas seguidas de períodos de estabilidade. Em acidentes vasculares mais pequenos o declínio pode ser tão subtil, que essa forma de progressão não se percebe, parecendo mais contínua.

A DV tende a envolver um comprometimento das funções executivas (ex. : dificuldades de atenção, planeamento e iniciativa). A velocidade de processamento da informação tende a diminuir, traduzindo-se num raciocínio e desempenho mais lentos. Comparativamente com a doença de Alzheimer, a perda de memória tende a ocorrer mais tarde.


Outras alterações são, por exemplo, dificuldades a nível da fala, compromisso da marcha e do movimento, fraqueza muscular, incontinência urinária, humor depressivo, apatia e labilidade emocional.

A seguir à doença de Alzheimer, a DV é considerada a segunda causa de demência a nível da Europa Ocidental, entre a população com idade avançada, sendo que em Portugal encontra-se em primeiro lugar.

Um estudo desenvolvido pelo ISPUP (Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto), explicou esta prevalência da DV no nosso país, em relação à doença de Alzheimer, pela maior incidência de casos de AVC, em comparação com outros países (artigo completo em https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1533317518813550). Um facto que, por sua vez, está relacionado com os muitos casos de hipertensão arterial na população que, por sua vez, está ligada ao consumo excessivo de sal, entre outros maus hábitos.

Luís Ruano, primeiro autor do artigo, transmite ainda o facto de Portugal ser o país da Europa com maior consumo de peixe, particularmente peixe gordo, o que parece estar associado a menor risco de doença de Alzheimer. Outra explicação poderá passar pela “menor prevalência entre a população portuguesa do alelo ε4 do gene APOE, o fator genético de risco mais comum para a doença de Alzheimer”.


A mensagem positiva é que a demência vascular pode ser evitada pela mudança dos estilos de vida. Interessa apostar em medidas de prevenção primárias, como “a prática de uma dieta saudável, de exercício físico regular e o controlo dos principais fatores de risco cardiovasculares”. 

A prevenção a outros níveis, assim como uma avaliação e reabilitação adequadas, também se apresentam como fundamentais. Em relação à intervenção neuropsicológica, esta permite, com base numa avaliação profunda e detalhada, criar um plano devidamente personalizado e ajustado à condição da pessoa com DV, que envolve não só a estimulação das funções cognitivas comprometidas e mantidas, mas também a promoção de recursos emocionais e comportamentais, o desenvolvimento da autonomia e funcionalidade, e o apoio à família/cuidadores.

Fundamental investir na prevenção, avaliação e intervenção na DV, com vista a um maior bem-estar e qualidade de vida!

 

Para mais informações, contacte-nos!

 

Célia Baldaia

Especialidade de Neuropsicologia Clínica | IPNP Saúde


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