Uma pandemia lenta e silenciosa

Paralela a esta pandemia tem surgido uma outra que lenta e silenciosamente tem sido galopante no impacto que tem tido em muitos de nós. Estamos a falar da pandemia de saúde mental que tem feito disparar os pedidos de ajuda nesta área. 

 

Naturalmente que este dado é também revelador de uma maior sensibilização para o facto de que estando bem, sentimo-nos mais capazes para gerir as exigências familiares e profissionais, e os desafios que o confinamento nos vai colocando. 

 

Contribui para este aumento também uma diminuição do estigma associado à psicologia e à psiquiatria, que por vezes são associadas a aspetos negativos. Na verdade, é necessária uma grande capacidade de reflexão e autoanálise para percebermos que não estamos bem e que nos motiva a pedir ajuda.

 

Por outro lado, podemos refletir sobre os vários motivos para o disparar da patologia na saúde mental, desde as consequências do distanciamento físico da família e amigos, às quebra de rotinas e do estilo de vida, instabilidade financeira, medo gerado pela doença de repente tão próxima, e nalguns casos à diminuição ou mesmo ausência de contacto com outros seres humanos.

 

Este contexto tem revelado algo que já intuíamos: precisamos uns dos outros, precisamos de nos sentir fisicamente próximos porque a solidão e o isolamento têm um impacto negativo no nosso bem-estar.

 

Diz-nos a literatura científica que um abraço tem o poder de diminuir a “hormona do stress”, o cortisol, o que tem por exemplo impacto na resposta do sistema imunitário. Um abraço desencadeia também a libertação da oxitocina, a “hormona do amor”, que faz desacelerar o ritmo cardíaco. Ou seja, o abraço protege-nos de adoecer!

 

Surge assim um conjunto de situações que parecem secundárias a todas as mudanças que lentamente foram tomando conta das nossas vidas, mas de facto acabam por ser muito relevantes no impacto no nosso funcionamento mental como o sofrimento ou angústias que já lá estavam, em alguns casos há mesmo muito tempo, mas que foram subitamente postos a nu. 


Agora é o tempo de dirigirmos o olhar para as nossas necessidades emocionais e relacionais, agora é o tempo de cuidarmos de nós!

Susana Oliveira-Lopes

Especialidade de Psicologia Clínica e Psicoterapia | IPNP Saúde 



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Qual a diferença entre a Integração Sensorial e a Estimulação Sensorial?

Projeto Faces da Depressão

Brincar é a forma mais sublime de descobrir! (Albert Einstein)