Como podem as crianças estar em casa e pensar a escola, estar na escola e sentirem-se em casa?


Hoje conversava com uma adulta, que partilhava comigo a sua perceção de que as “crianças de hoje” tinham “muita opinião” e que na sua infância não era assim. Dizia também que contestava muito, mas que a mãe impunha limites. Referiu ainda que se dava conta de ser firme com o namorado na transmissão das suas necessidades e que no trabalho evitava argumentar se houvesse algum desentendimento, sem espaço para expressar a sua opinião, “virava as costas à discussão”. 


Fiquei a pensar sobre “as crianças de hoje” e “adultos de amanhã”. Fiquei a pensar sobre a forma como desenvolvemos desde cedo a perceção dos valores e das relações. Fiquei a pensar sobre as crianças com “muita opinião”… 

 

Ao que nos referimos? Porque soa muitas vezes desajustado? Como perde o adulto a convicção perante uma criança com voz e ação? 

 

Permaneço convicta da importância dos adultos serem firmes e contentores, com respeito, com tempo para a relação. Permaneço convicta da necessidade de promover o espírito crítico e a inteligência emocional nas crianças, e adultos. Permaneço convicta de quanto se aprende ao educar com compromisso uma criança; e de quanto uma criança se compromete com o mundo quando se sente escutada e é convidada a pensar

 

Sabemos que o pensamento da criança adormece e acorda em casa mas vive muitos dias na escola. Vimos quão impactante foi o último ano com os contextos invertidos. E tanto há a dizer sobre isto…


 

“A maioria das crianças confia nas escolas como um lugar onde podem interagir com os seus colegas, procurar apoio, ter acesso a serviços de saúde e uma refeição nutritiva.”  

 

No site da ONU, além desta frase podemos olhar uns segundos para a instalação feita pela Unicef e ler alguns dados que nos alertam para o impacto da pandemia. E depois de levar este murro no estômago, podemos ir ao site da rádio miúdos ouvir um podcast, por exemplo, sobre “repensar a escola” ou “uma ideia para o mundo”. 

 

E a esperança renova-se, ao saber que há crianças que sabem falar e adultos que sabem escutar e ajudar a pensar. Há muito a investir na Educação e há muitas pessoas comprometidas nesse projeto.

 

Adultos, vamos lá, auto-cuidado, compromisso e ação!

 

Maria Emanuel Moreira 

Psicologia Escolar e da Educação | IPNP Saúde

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