Divórcio, família alargada e terapia familiar

O divórcio é um  processo emocionalmente  exigente e complexo, que  acarreta inúmeras  alterações e transformações nas dinâmicas familiares. 

O término de um projeto afetivo partilhado é, muitas vezes, gerador de stress e sentimentos de perda por parte dos diferentes elementos da família. Neste sentido, para além do ex-casal e dos filhos (caso existam), as famílias de origem de cada um dos ex-cônjuges, e a restante família alargada, terá igualmente de integrar esta perda. 

 

Perante os momentos de crise gerados pelo divórcio, cada um destes subsistemas será desafiado a reorganizar as relações familiares e a ultrapassar as dificuldades. Sabe-se que numa situação de divórcio o ajustamento psicológico dos pais, a coparentalidade positiva e a resolução de conflitos interpessoais são alguns dos fatores que contribuirão para um maior ajustamento e bem-estar psicológico da/s criança/s

 

Assim, consideramos relevante que, a título de exemplo: 

Um pai/uma mãe se questione sobre como poderá facilitar esta transição para si e para os seus filhos… 

Um avô/uma avó reflita sobre a melhor forma de se relacionar com o/a seu/sua genro/nora… e com os/as novos/as companheiros/as que possam surgir… 

Um cunhado/uma cunhada pondere como poderá contribuir para uma melhor adaptação dos/das sobrinhos/as ao divórcio… 

 

O divórcio pode ser encarado como um momento de crise familiar, mas como defende Minuchin a crise é simultaneamente ocasião e risco, no sentido em que poderá acarretar um risco acrescido de disfuncionamento familiar, mas poderá igualmente afirmar-se como uma ocasião de evolução e crescimento

 

Deste modo, e sendo a família um sistema, o divórcio terá impacto, não apenas nos elementos diretamente envolvidos (família nuclear), mas igualmente na família alargada, podendo esta assumir uma posição facilitadora, potenciando uma transição mais saudável para cada um dos seus membros e para a família no seu todo. 



Terapia Familiar afirma-se como um contexto seguro onde é considerada a complexidade das ligações emocionais que se estabelecem entre os vários membros da família e, simultaneamente, analisada e integrada a perspetiva de cada um dos elementos presentes. O/a terapeuta, funcionará como um agente de mudança, que potenciará a reestruturação e evolução da família até uma nova estabilidade, ajudando à redescoberta das potencialidades individuais e grupais.

 

Rita Sá

Terapeuta Familiar | IPNP Saúde 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Qual a diferença entre a Integração Sensorial e a Estimulação Sensorial?

Projeto Faces da Depressão

Brincar é a forma mais sublime de descobrir! (Albert Einstein)