O impacto do coronavírus no cérebro

 

Mais de 12 milhões de indivíduos em todo o mundo testaram positivo para o coronavírus (COVID-19) até ao momento (Coronavirus disease (COVID-19) Pandemic. Geneva: World Health Organization, 2020). A pandemia desencadeou grandes quantidades de publicações científicas que relatam dados sobre o COVID-19 de relevância clínica e científica. A apresentação típica da SARS-CoV-2 envolve febre e sintomas respiratórios. No entanto, o reconhecimento do neuroenvolvimento do COVID-19 está a aumentar diariamente desde as indicações iniciais em fevereiro de 2020 (Li et al., 2020). 

 

Atualmente, a procura na base de dados PubMed pelas palavras-chave “covid”/”sars-cov-2”/”coronavirus” e “neurologic”/”CNS” resulta em mais de 120,000 artigos. 



Estudos de coorte e relatos de casos descrevem várias manifestações cerebrais sugestivas da etiologia do COVID-19: 
 

As anormalidades cerebrais mais frequentes foram hiperdensidades cerebrais na matéria branca na ressonância magnética e hipodensidades na tomografia computorizada, que juntas representaram 76% dos casos afetados. 


Hiperdensidades cerebrais na matéria branca foram relatadas em 53% dos casos afetados.


Microhemorragias na matéria branca foram observadas em 13% dos pacientes com apresentação difusa bilateral (Radmanesh et al., 2020), no corpo caloso (De Stefano et al., 2020; Radmanesh et al., 2020) e no putámen (Dixon et al., 2020).


Foram observadas hemorragias em 6% dos casos e incluíram: área parietoccipital posterior bilateral (Franceschi et al., 2020) e amígdala (Dixon et al., 2020), assim como áreas frontais esquerdas (Muhammad et al., 2020) e occipitais (Cariddi et al., 2020), área temporal direita (Cariddi et al., 2020), lóbulos temporais mais frontais e fissura de Sylvian (Al-olama et al., 2020) e área parietoccipital posterior direita (Franceschi et al., 2020), tronco cerebral e ponte (Dixon et al., 2020) e corpo caloso (Franceschi et al., 2020); e estratificação intraventricular nos cornos occipitais dos ventrículos laterais (Parsons et al., 2020).


Inchaço/edema, difusão restrita foi relatado em 3% dos casos na matéria branca bilateral com apresentação difusa (Dixon et al., 2020), nas regiões parietoccipitais posteriores (Franceschi et al., 2020), nos núcleos talâmicos (Dixon et al., 2020), nas regiões subinsulares (Dixon et al., 2020), nos gânglios basais (Franceschi et al., 2020), nos giros cingulados (Dixon et al., 2020), nos hemisférios cerebelares (Franceschi et al., 2020), no lobo frontal direito (Franceschi et al., 2020) e no lobo temporal direito (Kadono et al., 2020), bem como no tronco cerebral, ponte e esplênio (Dixon et al., 2020).


Sintomatologia pós-infeção ou de COVID-19 prolongada deverá ser conhecida, reconhecida e avaliada de forma especializada. 


Sempre melhores, sempre disponíveis, para que se sinta mais confortável e seguro.

Diana Dias Moreira

Neuropsicologia Clínica | IPNP Saúde

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Qual a diferença entre a Integração Sensorial e a Estimulação Sensorial?

Projeto Faces da Depressão

Brincar é a forma mais sublime de descobrir! (Albert Einstein)