Como manter-se ligado aos outros sem perder a sua individualidade?
Ao longo do seu ciclo vital, a família assume duas tarefas essenciais e complementares: promover o sentido de pertença e, simultaneamente, a diferenciação dos seus elementos (Bowen, 1978). Neste fascinante processo é muito relevante que cada indivíduo consiga encontrar um equilíbrio entre a ligação emocional que mantém aos outros e a aquisição da sua individualidade.
A investigação mostra-nos que as pessoas menos diferenciadas são habitualmente mais dependentes emocionalmente dos outros, sentindo uma maior necessidade de união e sendo, muitas vezes, inundadas pelas próprias emoções, tendo dificuldade em distinguir a dimensão emocional da intelectual. Mostram-se menos flexíveis, mais vulneráveis ao stress e têm mais dificuldade em ser autónomas e em manter um sentido do eu mais claro e sólido.
Por outro lado, os indivíduos que apresentam níveis mais elevados de diferenciação são mais capazes de preservar a sua autonomia ao mesmo tempo que experienciam relações de intimidade com os outros. Tendem a ser mais hábeis a autorregular as suas emoções e a manter um equilíbrio emocional. Esta capacidade de desenvolver a sua individualidade está igualmente associada a um maior bem-estar psicológico, contribuindo positivamente para o relacionamento conjugal e para uma maior satisfação e comunicação familiar.
Este processo de construção da individualidade é contínuo, dinâmico e ocorre ao longo de todo o desenvolvimento.
Se sente que tem dificuldade em desenvolver e afirmar a sua individualidade e que tendencialmente se afasta de relações significativas ou se torna emocionalmente dependente de outras, então poderá encontrar na psicoterapia um espaço seguro onde será desafiado a olhar para si e para as suas relações, construindo-se/as de um modo mais saudável e autónomo.
Rita Sá
Psicologia Clínica e Psicoterapia | IPNP Saúde
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