Burnout – Ferramentas preventivas
O Modelo de Maslach pressupõe que o burnout seja composto por três
dimensões:
- A exaustão emocional é a dimensão central do burnout e a manifestação mais evidente desta
complexa síndrome. A exaustão é a primeira reação ao stresse provocado
pelas exigências do trabalho. Diz respeito a sentimentos de sobrecarga e
de falta de recursos emocionais e físicos (Maslach et. al., 2008). Os
indivíduos sentem-se cansados e com falta de energia no trabalho, sem recursos
emocionais e físicos para enfrentar os desafios e as exigências do local de
trabalho e, consequentemente, não têm energia suficiente para manter a sua
capacidade de trabalho e convivem com a constante sensação de não conseguir
oferecer mais de si. A sensação de que as suas capacidades não são suficientes
para responder às causas que provocam situações incómodas, indisposição
física e ansiedade. Colocam os profissionais sob constantes testes
aos seus limites emocionais e físicos (Maslach et. al., 1981). Em suma, a
exaustão emocional refere-se à sensação de estar sobrecarregado
emocionalmente aliado ao esgotamento dos recursos emocionais e físicos. As
principais causas desta exaustão são a sobrecarga de trabalho e os conflitos
interpessoais no trabalho. As pessoas sentem-se “sugadas” e usadas ao
máximo, sem que haja uma fonte de reposição de energia ou recompensas
profissionais. Não possuem energia suficiente para enfrentar mais um dia de
trabalho (Leiter et. al., 2000).
- Despersonalização - consiste numa tentativa do indivíduo em estabelecer uma distância
entre si próprio e os destinatários dos serviços que presta,
ignorando as qualidades e características que tornam as pessoas únicas e
envolventes. As exigências do trabalho tornam-se mais fáceis de serem
geridas quando as pessoas são consideradas objetos impessoais do trabalho.
O profissional recorre ao distanciamento cognitivo, desenvolvendo uma atitude
de indiferença ou cínica quando está exausto e/ou desanimado. O
distanciamento é uma reação imediata a exaustão, o que revela uma forte
relação da exaustão com a despersonalização (Maslach et. al., 2001). Por norma,
a despersonalização é resultado da perda da motivação, do aumento
da irritabilidade e da ansiedade. Os indivíduos tornam-se insensíveis
e impessoais para com quem mantêm relacionamento profissional, como por
exemplo, com os colegas de trabalho, clientes ou superiores, e desenvolvem
atitudes despersonalizadas e de indiferença. Para se proteger o
indivíduo isola-se e opta por uma atitude de distanciamento, passando a
ser incapaz de lidar com as suas próprias emoções (Maslach et. al.,
1981). A componente despersonalização representa a dimensão interpessoal
do burnout e refere-se a uma resposta negativa, insensível ou excessivamente
desprendida a vários aspetos do trabalho, frequentemente incluindo uma perda de
idealismo (Maslach et. al., 2008). A despersonalização geralmente desenvolve-se
como resposta a sobrecarga de exaustão emocional e inicialmente é auto
protetora - uma reserva emocional de preocupação desprendida,
mas o risco consiste na transformação do distanciamento em desumanização
(Leiter et. al., 2000).
- A falta de realização pessoal parece surgir de forma mais clara quando existe uma falta de
recursos relevantes, enquanto a exaustão emocional e a despersonalização
emerge da sobrecarga de trabalho e dos conflitos interpessoais
(Maslach et. al., 2001). A componente de realização pessoal representa a
dimensão de autoavaliação do burnout, refere-se a sentimentos de incompetência,
falta de realização e produtividade no trabalho (Maslach et. al., 2008). A
falta de realização pessoal resulta da autoavaliação negativa que o
profissional faz de si próprio, sentindo-se ineficaz a nível profissional e
insatisfeito com a sua realização pessoal no trabalho. Este sentimento surge
como consequência da diminuição das suas expetativas pessoais, de uma autoavaliação
negativa, de sentimentos de fracasso e da baixa autoestima. O
indivíduo encontra-se infeliz consigo próprio e com o seu percurso de
desenvolvimento profissional (Maslach et. al., 1981). A diminuição da
realização pessoal refere-se a um declínio nos sentimentos de competência e
produtividade no trabalho. Este sentimento de ineficácia tem sido associado à depressão
e à incapacidade de lidar com as exigências do trabalho, e pode ser
agravado pela falta de apoio e de oportunidade para se desenvolver
profissionalmente. Os profissionais experienciam sentimentos de incompetência e
inadequação sobre as suas capacidades de desempenhar a atividade profissional
(Leiter et. al., 2000).
Um estudo
sugeriu que a síndrome poderia afetar mais de 40% dos médicos num nível
suficiente para comprometer o bem-estar pessoal ou o desempenho profissional
destes (Henderson, 1984).
Benevides-Pereira
(2002) refere que as mulheres têm apresentado valores mais elevados
na dimensão exaustão emocional e os homens na dimensão
despersonalização. Estas diferenças podem ser justificadas pelos papéis
socialmente aceites e estereótipos de género que estão incutidos na sociedade.
Como as mulheres expressam-se mais livremente, pode ajudar a aliviar
sentimentos negativos de raiva e hostilidade, enquanto o oposto acontece
relativamente ao sexo masculino. No entanto, a dupla jornada de trabalho das
mulheres pode justificar os elevados valores da exaustão emocional.
Gil-Monte (2002) concluiu que os homens apresentam valores na dimensão despersonalização significativamente mais altos que as mulheres. O autor justifica estes elevados valores do sexo masculino na dimensão despersonalização como um reflexo da repressão das emoções ou pela relevância dada pelo género masculino a realização pessoal. Se por um lado os homens são competitivos, por outro os seus sentimentos de masculinidade estão dependentes do alcance do sucesso e da realização pessoal e profissional.
Apresento aqui algumas medidas preventivas:
Sempre melhores, sempre disponíveis, para que se sinta mais confortável
e seguro.
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