Porque é que um pai que ajuda com os filhos é um superpai e uma mãe só está a fazer a sua obrigação?

Tenho recebido imensos pedidos de ajuda psicoterapêutica de e/ou para recém-mamãs. Esse facto fez-me questionar e repensar a forma como encaramos a maternidade. Fato é que nesta área precisamos, em primeiro lugar, de mais empatia, principalmente umas para com as outras. O ser humano tem a necessidade constante de julgar e de se comparar com os outros. E, infelizmente, as mulheres continuam a ser as primeiras a autocriticar-se ou criticar as outras, especialmente no campo da maternidade.


Continua a prevalecer a ideia de que quanto mais se sofre, melhor mãe se é. 

Comparam-se tamanhos de barriga, horas em trabalho de parto, se se dá à luz por parto normal ou cesariana, existindo uma grande necessidade de perceber quem sofreu mais. Continua a prevalecer a ideia de que quanto mais se sofre, melhor mãe se é. Se fizeram cesariana, não tiveram contrações e nem uns pontinhos na vagina, “não sabem o que é ser mãe”. Associa-se a boa maternidade a muito sofrimento e a uma elevada dose de lágrimas. Comparam-se seios, se se amamenta ou não, quantas mastites se teve e a quantidade de horas que se passou sem dormir a dar colo a um recém-nascido aos berros.

Só calçando os sapatos do Outro saberíamos o que o outro sente… 

A sociedade ainda não foi ensinada a ver para além de estereótipos sociais neste campo e perceber que a recém-mamã é um ser humano a tentar recuperar a sanidade mental no exigente período do pós-parto e que deixar o bebé com o pai ou com os avós não é sinal de abandono ou de que está a ser uma má mãe. Esta mãe-mulher precisa de se regenerar e encontrar o seu lugar no mundo com a função acrescida de cuidar de um ser frágil que em muito depende de si. É a tarefa mais exigente e para a qual o ser humano só se prepara durante 42 semanas de gestação. Só nasce efetivamente uma mãe ou um pai quando nasce um bebé!

Julgar é fácil, e em tempos difíceis como os que atravessamos, podemos cair na tentação de apontar o dedo. Mas na verdade não sabemos o que se passa verdadeiramente na vida das outras pessoas, não sabemos o que está por detrás daquela fotografia amorosa com o bebé ao colo nas redes sociais. Só calçando os sapatos do Outro saberíamos o que o outro sente… 

Sejamos mais empáticos!

Sempre melhores, sempre disponíveis, para que se sinta mais confortável e seguro.


Diana Dias Moreira 
Psicologia Clínica e Psicoterapia| IPNP Saúde

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