"Tremem-me as mãos" - Viver com Parkinson

A doença de Parkinson é uma doença progressiva e degenerativa e tem sido caracterizada por tremores em repouso, rigidez muscular, movimentos lentos e diminuídos e, com o tempo, instabilidade postural e/ou de marcha. O diagnóstico é clínico. O objetivo do tratamento é restaurar a função dopaminérgica no cérebro com levodopa mais carbidopa e/ou outros fármacos.

A doença de Parkinson afeta cerca de:

- 0.4% das pessoas > 40 anos;

- 1% das pessoas ≥ 65 anos;

- 10% das pessoas ≥ 80 anos.

A média etária de início da doença é de aproximadamente 57 anos. 


Etiologia

É provável que haja predisposição genética, pelo menos em alguns casos da doença de Parkinson. Cerca de 10% dos pacientes têm história familiar de doença de Parkinson. Foram identificados vários genes anormais. A herança é autossómica dominante para alguns genes e autossómica recessiva para outros. Uma mutação na quinase 2 rica em leucina (LRRK2; também conhecido como PARK8) é um gene que codifica a proteína dardarina. Em todo o mundo, é a mutação mais predominante nos casos esporádicos da doença de Parkinson em pacientes ≥ 50 anos (em cerca de 2%), e é a mutação autossómica dominante mais preponderante das formas hereditárias da doença.

Nas formas genéticas, a idade no início tende a ser mais jovem, mas o curso é tipicamente mais benigno do que doença de Parkinson de início tardio presumivelmente não genética.


Sinais e sintomas

Na maioria dos pacientes, os sintomas da doença de Parkinson começam de forma insidiosa. O tremor em repouso, numa das mãos, geralmente é o primeiro sintoma. O tremor é caracterizado por: 

- ser lento e grosseiro;

- ser máximo em repouso, diminuindo à movimentação e ausente durante o sono;

- aumentar por tensão emocional ou fadiga.

- muitas vezes envolvendo o punho e os dedos da mão, às vezes envolvendo o polegar movendo-se contra o dedo indicador (rolamento de pílula), como quando as pessoas rolam uma pílula na mão ou seguram um objeto pequeno. 


Normalmente, as mãos ou os pés são afetados primeiro, na maioria das vezes de forma assimétrica. A mandíbula e a língua também podem ser afetadas, mas não a voz. O tremor pode-se tornar menos proeminente à medida que a doença evolui.


Um quadro demencial desenvolve-se em cerca de um terço dos pacientes, geralmente tardio na doença de Parkinson. Os preditores iniciais de seu desenvolvimento são comprometimento visuoespacial (e.g., perder-se ao conduzir) e diminuição da fluência verbal.

As perturbações do sono são comuns. A insónia pode resultar de noctúria e incapacidade de se virar no leito. A privação do sono pode exacerbar a depressão e o comprometimento cognitivo e contribuir para a sonolência diurna excessiva. Pode-se desenvolver a perturbação comportamental do sono REM; nessa perturbação, ocorrem verbalização e, frequentemente, movimentos agressivos durante o sono REM porque a paralisia que normalmente acontece durante essa fase do sono está ausente. 

Diagnóstico

O diagnóstico da doença de Parkinson é clínico, com base nos sintomas motores. Suspeita-se de doença de Parkinson em pacientes com tremor em repouso característico, diminuição dos movimentos ou rigidez. Durante o teste de coordenação dedo-nariz, o tremor desaparece (ou atenua) no membro que está a ser testado.


Durante o exame neurológico, a pessoa não consegue realizar bem movimentos alternantes clássicos ou movimentos rapidamente sucessivos. A sensação e a força geralmente estão normais. Os reflexos estão normais, mas podem ser de difícil obtenção devido ao tremor ou rigidez acentuados.


O diagnóstico é suportado também na presença de outros sinais como piscar infrequente, falta de expressão facial, e anormalidades da marcha. A instabilidade postural também está presente, mas se ocorrer no início da doença, os médicos devem considerar outros diagnósticos possíveis.


Em idosos, outras possíveis causas da diminuição dos movimentos espontâneos ou marcha de passos curtos, como depressão grave, hipotireoidismo, uso de antipsicóticos ou certos antieméticos, devem ser excluídas antes de a doença de Parkinson ser diagnosticada.


Cuidadores e o fim do ciclo de vida

Como a doença de Parkinson é progressiva, os pacientes com o tempo precisarão de ajuda nas atividades diárias normais. Os cuidadores devem ser direcionados para as características que podem ajudá-los a entender os efeitos físicos e psicológicos da doença de Parkinson e formas de ajudar o paciente a funcionar da melhor maneira possível. 


Como esse tipo de cuidado é cansativo e stressante, os cuidadores devem ser incentivados a entrar em contacto com grupos de apoio, procurando suporte social e psicológico.


Com o tempo, a maioria dos pacientes torna-se gravemente incapacitada e imóvel. Podem ser incapazes de comer, mesmo com ajuda. Como a deglutição se torna cada vez mais difícil, o risco de morte por pneumonia aspirativa aumenta. Para alguns pacientes, uma clínica de repouso pode ser o melhor local para cuidados.


Antes das pessoas com doença de Parkinson se tornarem incapacitadas, é importante estabelecer diretivas antecipadas, indicando que tipo de cuidados médicos querem que lhes sejam assegurados e as ações que garantem a dignidade humana no final do ciclo de vida.  


Sempre melhores, sempre disponíveis, para que se sinta mais confortável e seguro.



Diana Dias Moreira
Neuropsicologia Clínica | IPNP Saúde


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