Funções Executivas na Infância
As funções executivas são um conjunto de funções cognitivas complexas, situadas no córtex pré-frontal (CPF), fundamentais para a capacidade de controlo e autorregulação das nossas emoções e do nosso comportamento.
A sua importância prende-se com o
facto de estarem associadas a uma multiplicidade de processos cognitivos
utilizados diariamente como o planeamento, a tomada
de decisão, o controlo inibitório, a manutenção ou mudança do foco atencional e
atualização de memória de trabalho, que nos permitem monitorizar pensamentos, sentimentos e comportamentos orientados
para objetivos, com o intuito de planear e controlar com sucesso as nossas ações.
Funções executivas e desenvolvimento infantil
Na criança, o
desenvolvimento do funcionamento executivo permite:
Contudo, quando existe
disfunção executiva, as diferentes áreas mencionadas podem ser afetadas e
comprometer o desenvolvimento saudável da criança.
Disfunção executiva: Qual o seu impacto no nosso quotidiano?
Fazendo uma analogia entre o papel do córtex pré-frontal (CFP) e
o papel profissional desempenhado por um maestro, podemos afirmar que assim
como o CPF tem o papel de mediar os diferentes componentes envolvidos nas funções executivas,
permitindo a sua coordenação e interligação, também o maestro coordena e
integra os diferentes naipes musicais que constituem a sua orquestra, de forma
a que exista um equilíbrio e harmonia musical, o que na sua ausência resultaria
numa dissonância.
Neste sentido, uma vez
comprometido o CPF onde estão situadas as funções executivas como, por exemplo, em casos de
lesão ou disfunção cerebral, este não é capaz de coordenar todas as estruturas
cerebrais, o que consequentemente se pode refletir em atrasos no desenvolvimento,
nomeadamente de disfunção executiva, com consequentes problemas de regulação
emocional e comportamental, atenção e concentração, falta de iniciativa,
dificuldade para sequenciar ações, rigidez cognitiva, entre outros.
A identificação precoce permite perceber quais as dificuldades específicas nos diferentes componentes das funções executivas, para uma intervenção nas áreas
mais débeis, prevenindo desta forma o desenvolvimento de problemas de
aprendizagem ou de comportamento.
A plasticidade cerebral é a base para a reabilitação das diferentes funções cognitivas. Por este motivo e por ser na infância que se verifica um maior nível de plasticidade cerebral, dado que o cérebro ainda se encontra em maturação, a identificação de alterações cognitivas na criança é fundamental. Uma intervenção precoce nas FE e um acompanhamento cuidado, com o objetivo de estimular a criança, nas suas áreas mais débeis, previne o desenvolvimento de problemas de aprendizagem ou de comportamento e minimiza o impacto negativo na vida quotidiana.
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