Mensagens

"Tremem-me as mãos" - Viver com Parkinson

Imagem
A doença de Parkinson é uma doença progressiva e degenerativa e tem sido caracterizada por tremores em repouso, rigidez muscular, movimentos lentos e diminuídos e, com o tempo, instabilidade postural e/ou de marcha. O diagnóstico é clínico . O objetivo do tratamento é restaurar a função dopaminérgica no cérebro com levodopa mais carbidopa e/ou outros fármacos. A doença de Parkinson afeta cerca de: - 0.4% das pessoas > 40 anos; - 1% das pessoas ≥ 65 anos; - 10% das pessoas ≥ 80 anos. A média etária de início da doença é de aproximadamente 57 anos.  Etiologia É provável que haja predisposição genética, pelo menos em alguns casos da doença de Parkinson. Cerca de 10% dos pacientes têm história familiar de doença de Parkinson . Foram identificados vários genes anormais. A herança é autossómica dominante para alguns genes e autossómica recessiva para outros. Uma mutação na quinase 2 rica em leucina (LRRK2; também conhecido como PARK8) é um gene que codifica a proteína dardarina. Em tod

Higiene do Sono

Imagem
Boas práticas de higiene de sono podem prevenir e ajudar a gerir as perturbações do mesmo. A rotina é fundamental para uma boa higiene do sono, especificamente horários consistentes e rotinas pré-dormir.  Ter uma hora de ir dormir regular melhora o sono, quer o tempo de latência para adormecer, quer a frequências de despertares noturnos.  Uma rotina saudável é aquela que é consistente , apropriada à idade e ajuda a criança a ficar sonolenta, mas que a torna capaz de adormecer sozinha. As rotinas pré-deitar:  - Devem ser breves: até 30-45 min.  - Devem envolver sempre as mesmas atividades relaxantes, como um banho morno, ler histórias, cantar...  - De seguida, as crianças devem estar num ambiente confortável (calmo, silencioso, escuro e temperatura amena, sem TV).  Horas da sesta (não deve ser muito ao final da tarde), de ir dormir e de acordar devem ser regulares.  Ao acordar, a criança deve ser estimulada apropriadamente.  Deve ser exposta à luz de manhã e deve praticar exercício

O lugar da incerteza

Imagem
"Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram." Fiódor Dostoiévski, em Os irmãos Karamazov   Muitas certezas criam estagnação. Ainda que seja confortável entorpece o pensamento e a criatividade .   Embora em boa verdade precisemos de (algumas) certezas para nos podermos aventurar com outra segurança em territórios desconhecidos, é a desarrumação que permite espaço para o novo . Pensar, um pouco como a água do rio, tira-nos da rigidez , permite-nos fluir e evoluir , de outra forma não saímos do mesmo lugar.   E quando o pensamento anda às voltas como um barco com o leme estragado, e parece não levar a lado nenhum?   Há sempre a possibilidade de pedir ajuda a um outro que pe

O que fazer quando os filhos mentem?

Imagem
Quando os pais se apercebem que os seus filhos mentem sentem-se, habitualmente, enganados , zangados , desiludidos e tendem a culpar os próprios filhos pelo sucedido. A mentira é sentida como algo que fere a confiança , base das relações humanas, e interpretada como pessoal.  Mas que significado tem a mentira na relação entre pais e filhos? O que devem fazer os pais para lidar com a mentira? Será importante, antes de mais, compreender que a mentira tem uma função iminentemente social, de regular as relações , as emoções e a vida em sociedade . Como nos diz Antonino Ferro “Somos uma espécie que mente!” É essencial também olhá-la e pensá-la como encerrando em si um espetro, que vai do lúdico (ex. brincadeira, partida, uma provocação, ...), passando por um amortecedor relacional (ex. ser totalmente transparente poderia magoar o Outro num momento mais sensível, desiludir quem se ama, ...), à mentira danosa, destrutiva e/ou autodestrutiva . Na relação pais e filhos, a grande ma

Estou no 9º ano… e agora?

Imagem
No final do 9º ano os jovens deparam-se com uma tomada de decisão importante , é uma altura pautada com alguma ansiedade e incerteza .  Propomos-te seguir alguns passos que te poderão ajudar.  1. Conhece-te a ti próprio Nesta fase o autoconhecimento é muito importante.   Pensa:  - O que mais gostas de fazer? O que gostas menos de fazer?  - Quais as tarefas em que te sentes mais competente?  - O que é que valorizas enquanto pessoa? - Que características terá o tipo de trabalho que gostarias de fazer?   2. Explora os percursos escolares que existem após a conclusão do 9º ano.  Lembra-te:  - Explorar as várias alternativas ajudar-te-á a tomar melhores decisões; - Todas as alternativas são válidas; - Todos os cursos são bons! O importante é que tomes a melhor decisão para ti.  3. Decide! - Pensa nas tuas experiências e como te imaginas daqui a 5 ou 10 anos.  - Lembra-te dos teus objetivos.  - Informa-te bem sobre os percursos existentes.  - Procura perceber bem cada uma das a

Que partes de nós não são afetadas pela demência?

Imagem
“Penso em ti mesmo quando não estou a pensar”, foram as palavras que uma mãe, com 84 anos e uma demência, disse ao filho certo dia ao telefone. Demência, essa palavra tão pesada capaz de encerrar com a memória as vivências que constituem quem uma pessoa é e o que lhe aconteceu ao longo de uma tão longa vida. No entanto este relato, como outros, desvenda um lado por vezes invisível desta narrativa: não somos só o que lembramos, somos também o que sentimos . A memória, de um ponto de vista neurofuncional, não constitui uma estrutura unitária mas um vasto sistema estruturado em várias componentes cognitivas e sensoriais que recebem e codificam a informação verbal, visual, olfativa ou corporal, e que interage com outras funções cognitivas como o pensamento ou a perceção, e com estruturas límbicas que fazem emergir a emoção . O que significa que, quando nos lembramos de alguém, lembramos não só o rosto mas o tom de voz, o cheiro, o brilho do olhar, a segurança que sentimos quando

Relação entre a perceção sensorial e as competências funcionais

Imagem
A maior parte da aprendizagem da criança ocorre através da integração multissensorial, que envolve informação de diferentes sistemas sensoriais que é processada e integrada pelo sistema nervoso, de forma a maximizar o seu significado. Desta forma, são desenvolvidas competências funcionais indispensáveis para o desempenho da criança nas atividades de vida diária, na participação social e na aprendizagem académica.  Seguem-se alguns exemplos da relação entre a perceção de cada um dos sete sentidos e as competências funcionais , essenciais para a participação e desempenho da criança nas várias ocupações e contextos em que se encontra inserida:    ✋ Através da perceção tátil a criança é capaz de se vestir/despir, ajustar e abotoar/desabotoar a roupa sem depender da visão; 👀 Através da perceção visual a criança consegue discriminar as letras b, d, q, p na leitura de um texto; 🏀 Através da perceção vestibular a criança é capaz de determinar quão rápido é necessário correr para apanhar u

A Demência pode ter diferentes fases?

Imagem
A vivência de uma demência revela-se um processo exigente, não só para o doente como para  o seu cuidador, sendo fundamental que este último reconheça as diferentes fases pelas quais se poderá passar. Importa referir que os sinais e sintomas da doença podem variar de acordo com a sua etiologia (causa), havendo, assim, vários tipos de demência, sendo a mais prevalente a doença de Alzheimer. Todas as demências são doenças progressivas , que tendem a obedecer a um padrão, pelo que se identificam, habitualmente, três fases da evolução da demência: - Fase Ligeira: uma fase em que nem sempre se valorizam devidamente determinadas alterações comportamentais, que afetam, essencialmente, as atividades executivas, por exemplo, ser incapaz de resolver problemas, não planear o dia, não se lembrar de pagar as contas, perder objetos, ou ter necessidade de ver constantemente o calendário para se situar no tempo. Nesta fase, a prioridade passa pelo apoio na consciencialização e adaptação ao di

Porque é que um pai que ajuda com os filhos é um superpai e uma mãe só está a fazer a sua obrigação?

Imagem
Tenho recebido imensos pedidos de ajuda psicoterapêutica de e/ou para recém-mamãs. Esse facto fez-me questionar e repensar a forma como encaramos a maternidade . Fato é que nesta área precisamos, em primeiro lugar, de mais empatia , principalmente umas para com as outras. O ser humano tem a necessidade constante de julgar e de se comparar com os outros. E, infelizmente, as mulheres continuam a ser as primeiras a autocriticar-se ou criticar as outras, especialmente no campo da maternidade. Continua a prevalecer a ideia de que quanto mais se sofre, melhor mãe se é.  Comparam-se tamanhos de barriga, horas em trabalho de parto, se se dá à luz por parto normal ou cesariana, existindo uma grande necessidade de perceber quem sofreu mais. Continua a prevalecer a ideia de que quanto mais se sofre, melhor mãe se é. Se fizeram cesariana, não tiveram contrações e nem uns pontinhos na vagina, “não sabem o que é ser mãe”. Associa-se a boa maternidade a muito sofrimento e a uma elevada dose de lágrim